Na pressa de conseguir resultados ou na falta de
um acompanhamento adequado, muita gente que entra na academia acaba
ganhando mais lesões do que músculos. Saiba como evitar os erros comuns e
aproveite apenas os benefícios do treino.
Quem já vivenciou a experiência nada agradável sabe bem como é sentir dores nas costas, nos joelhos e nos pés. Geralmente, esse é o resultado direto da prática inadequada de exercícios na academia.
Porém, os traumas podem ser até maiores, dependendo do erro cometido.
Entre os mais comuns estão a falta de atenção à postura, o excesso de
carga ou o exagero na intensidade. “Em geral, esses problemas são o
reflexo da busca por mudanças imediatas”, afirma Fabiano Nunes Faria,
ortopedista do Hospital Beneficência Portuguesa (SP). O problema é que,
na ânsia de acelerar o treino, essas escorregadas podem nos obrigar a
parar de vez. Afinal, o repouso e o tratamento muitas vezes são a única
alternativa para recuperar a musculatura. Ou seja, a conta acaba não
fechando com um saldo positivo. Para passar longe desses riscos, o
segredo é ir com calma e se informar. Malhando com consciência, você
protege sua saúde e colhe resultados positivos. Conheça os erros mais
frequentes na malhação e ande na linha.
1. Pular os exames iniciais
Antes de iniciar a prática física, é
necessário passar por uma avaliação médica. Isso porque certas doenças,
como as cardiovasculares, podem se manifestar apenas no momento da
prática, e muitas delas são fatais. Na academia, a avaliação física é
igualmente importante. Esse é o momento em que você vai contar ao
professor sobre o seu histórico, se já teve lesões e doenças que
precisam ser olhadas com atenção. Segundo Lívia Lanzoni, personal
trainer da academia Bodytech (SP), a avaliação, para ser eficiente,
precisa contar com teste de VO2 (que mede o esforço cardiorrespiratório
durante o exercício), retirada de medidas, provas de flexibilidade e o
exame das dobras corporais.
2. Ignorar o aquecimento
Fazer exercícios aeróbicos antes dos
localizados promove um aumento da temperatura corporal e muscular e
prepara o sistema cardiorrespiratório para a atividade. Uma simples
caminhada ou uma corrida leve, de cinco a dez minutos, são o suficiente
para dar início ao treino. “Quem sempre chega atrasado e queima a etapa
do aquecimento entra rapidamente em situação de estresse muscular e
aumenta muito o risco de se machucar”, alerta Fabiano Nunes Faria.
3. Querer compensar meses de afastamento em tempo recorde
Muita gente deixa para procurar a
academia poucos dias antes do início do verão. Porém, trabalhar todos os
grupos musculares de uma vez só vai prejudicar a sua saúde. Por conta
do esforço excessivo, você corre mais riscos de se machucar, pois acaba
saindo da postura sem perceber. “Além disso, o seu rendimento pode ficar
muito aquém do desejável. O ideal é dividir o treinamento pela semana e
aumentar a intensidade, conforme ganha resistência”, ensina Maurício
Barbosa, ortopedista e médico do esporte da Clínica Orthobone (SP).
4. Pegar mais peso do que o recomendado pelo seu instrutor
Não adianta treinar pesado e, no dia
seguinte, sentir tanta dor a ponto de ter de ficar de molho. É
justamente isso o que acontece quando usamos muita carga para malhar,
sem que o corpo esteja preparado. Aqui, mais uma vez, é o cansaço
extremo que nos faz sair da posição adequada. A consequência direta do
descuido são as lesões.
5. Aliar uma dieta restritiva a um treino forte
Enquanto estiver malhando, o ideal é
comer a cada três horas. Isso mantém o metabolismo acelerado e evita a
hipoglicemia (queda do nível de glicose no sangue), que faz o rendimento
despencar. Além disso, comer pouco antes de treinar também vai
atrapalhar o ganho muscular. É que se durante a atividade física o
organismo detectar a falta de nutrientes, ele busca os músculos como
fonte de energia.
6. Fazer apenas os exercícios que gosta
Mesmo que o seu objetivo seja emagrecer,
é importante investir boa parte do seu tempo nas atividades localizadas
e de flexibilidade. O fortalecimento muscular e o alongamento também
ajudam a prevenir lesões no treino. Além disso, na musculação é preciso
treinar todos os grupos uniformemente, para manter um bom equilíbrio e
fazer o corpo todo crescer em harmonia, sem nenhuma desproporção.
7. Beber água só quando a sede aperta
A sensação de boca seca já sinaliza que o
corpo está desidratado. Então, não vale esperar por esse alerta. Melhor
que isso é levar seu squeeze a tiracolo para a academia e beber água
enquanto está praticando exercícios. “A água hidrata, lubrifica,
transporta nutrientes, elimina toxinas e ainda ajuda a repor as
energias, aumentando a disposição para malhar”, afirma Maurício Barbosa.
8. Escolher o tênis mais transado para malhar
As dores nos joelhos e calcanhares
aparecem em decorrência do uso de um tênis que não é capaz de amortecer
bem o impacto da atividade praticada. Como consequência, as articulações
acabam sobrecarregadas. Além disso, deve-se ficar atento ao formato do
pé — que pode ser cavo, plano, pronado, supinado. Essa informação
depende da avaliação do ortopedista ou de um fisioterapeuta
especializado.
9. Repetir todo dia o mesmo treino, sem folga
É importante que haja um intervalo entre
os treinamentos, para permitir a recuperação muscular. Por isso, se
optar por ir à academia todos os dias, é interessante alternar os grupos
musculares trabalhados. “Ao praticarmos exercícios, provocamos
microlesões no sistema musculoesquelético. E, para haver a correta
cicatrização, evitando as lesões, o repouso de pelo menos 24 horas é
fundamental”, avisa o ortopedista Moisés Cohen, diretor do Instituto
Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte (SP).
10. Comer errado antes e depois de malhar
Se é verdade que não se alimentar
atrapalha os treinos, comer demais também é prejudicial, uma vez que o
corpo mobiliza as energias para a digestão. Então, opte por uma refeição
leve. “Para as que desejam ganhar massa magra, o ideal é ingerir, antes
do treino, uma combinação de carboidrato e proteína. Exemplo: um
sanduíche de peru com queijo branco e um copo de suco de fruta”, ensina
Maurício Barbosa. Logo após o treino, é preciso consumir mais uma porção
pequena de carboidrato, como uma fruta, para repor as energias.
11. Medir os resultados do treino na balança
É comum que o peso corporal não sofra
grandes alterações nos primeiros meses. Mas nada de desanimar ou pegar
mais pesado no treino por conta própria. É bem provável que você esteja
emagrecendo, mas, ao mesmo tempo, venha ganhando músculos. E estes pesam
muito mais que a gordura. Por isso a avaliação física deve ser feita
regularmente. O exame das dobras cutâneas verifica a composição corporal
e materializa os ganhos que você não vê.
12. Não parar até sentir dor
É normal perceber certo desconforto
quando volta a treinar ou logo que muda a carga do exercício. Porém, na
maioria das vezes, a dor é um sinal de que você está malhando acima da
sua capacidade. Não ignore a dor, ela pode estar chamando a sua atenção
para o uso de uma sobrecarga ou para uma postura inadequada. Em ambos os
casos, se você não parar imediatamente e fizer a correção, o resultado
será o aparecimento de uma lesão.
13. Usar roupas quentes para suar mais durante a malhação
É importante que fique bem claro que
quem sua mais perde mais água. Logo, não há nenhuma relação direta entre
o volume de suor e o emagrecimento. Procure fazer justamente o
contrário: usar roupas frescas e que facilitam a transpiração. Isso
garante o bem-estar necessário para dar continuidade ao treino.
14. Treinar de forma irregular
Não adianta nada querer recuperar o
tempo perdido depois de dias seguidos sem malhar. Com isso, você só faz
crescer as possibilidades de se machucar ou ficar exausta e sem energia
para continuar no ritmo no dia seguinte. O ideal é voltar aos poucos,
aumentando progressivamente a intensidade até ganhar resistência de
novo. “O melhor é frequentar a academia pelo menos três vezes por
semana, com sessões que variam de 50 a 60 minutos”, indica Moisés Cohen.
15. Pegar pesado nos aeróbicos e não dar tanta atenção à musculação, com medo de ficar musculosa
A hipertrofia não aparece do dia para a
noite. “Ela depende de fatores como a carga utilizada, o repouso, o
volume de exercícios, a intensidade e, a alimentação”, enumera Lívia
Lanzoni. Seu instrutor é a pessoa mais indicada para avaliar essas
variáveis, ajudando-a a chegar ao resultado desejado. Não esqueça: os
músculos (que não precisam ser bombados) consomem calorias, mesmo quando
estão em repouso. Não dispense esses aliados.
16. Descuidar da postura
A pressa de fazer os exercícios, o
excesso de carga e a falta de atenção durante o treino podem levar à
sobrecarga de pescoço, ombros, costas, joelhos e pés. “Um erro frequente
é não apoiar as costas corretamente nos aparelhos em que nos
exercitamos sentados. O deslize parece bobo, mas pode provocar lesões e
dores”, diz Fabiano Faria.
17. Perder o foco
Treinar com uma amiga é ótimo! Mas, ao
pisar na academia, não se sinta na obrigação de ficar o tempo todo ao
lado dela. Lembre-se: duas pessoas, raramente, vão apresentar condições
físicas e necessidades de treinamento idênticas. Portanto, cada uma deve
focar nos seus objetivos, sem preocupação de acompanhar a outra. Também
é importante evitar conversas paralelas a todo o momento, o que pode
comprometer a concentração. Uma simples distração, como já dissemos,
pode levar à má postura ou a um número excessivo de repetições.
18. Não tirar dúvidas sobre os exercícios
Não importa há quanto tempo você repete a
mesma sequência de treino. É importante contar, sempre, com a
intervenção do professor. Ele está lá, justamente, para isso. Também
vale consultá-lo ao perceber que o número de repetições ou a carga estão
muito acima ou abaixo da sua capacidade. Só não mude o treino sem falar
com ele, para não comprometer os objetivos definidos.
19. Ficar preocupada com tantas orientações e não curtir seus momentos na academia
É claro que a disciplina é
importantíssima! Mas não deixe que a ansiedade tire o seu prazer de
exercitar-se. Afinal, é isso o que vai mantê-la motivada. Enquanto está
na academia, pense que esse é um momento só seu, que você reservou para
cuidar da sua saúde. E aproveite! Olhe-se no espelho e reconheça seus
ganhos. Você está se esforçando e só isso já valeria um troféu.
20. Fazer abdominais demais, na esperança de eliminar a barriguinha
Para se ter uma ideia, com a perda de
10% do peso corporal, 30% da gordura abdominal somem automaticamente.
Exercícios localizados, em geral, não dão conta, sozinhos, de eliminar a
gordura localizada. Eles combatem a flacidez, aumentam a resistência
muscular e ajudam na hipertrofia da musculatura, mas não emagrecem! O
segredo é, portanto, combinar os abdominais com treinos aeróbicos, com
os quais você realmente sua a camisa e detona.